segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Lutando para lutar: sina difícil de carregar

Quem está na luta contra a implantação do CTR na Lixolândia, não luta apenas contra a força econômica da empresa Hastec, a força de Sergio Cabral e Eduardo Paes e os interesses dos políticos de Seropédica que entregaram a cidade para os interesses das ratazanas anteriores. Luta-se também contra a ansiedade, ausência de recursos, desorganização, desinformação e passividade da população. Essa é a sina de Seropédica, pois o que acontece agora aconteceu quando da implantação do posto avançado do pedágio. O pior de tudo é que não houve grandes aprendizados. Comete-se os mesmos erros.
Acima de tudo, convém lembrar, é extremamente difícil atrair (e manter) Seropedicenses para movimentos que vão defender seus próprios interesses. Repetindo uma sina bem brasileira, vive-se na Lixolândia a espera de alguém que fará tudo para todos. Essa passividade fez com que ela deixasse na mão de políticos incompetentes e mal intencionados os anos tenros do novo município: há 14 anos se caminha para trás, pois passou-se de produtor de areia para receptor de lixo. Além disso, como na Lixolândia quem mais oferece “bico” é a Prefeitura, as pessoas ficam com medo de participar porque pode comprometer o “bico” do filho, do cunhado, do genro etc. Deu no que deu: Seropédica virou a Lixolândia.
Com relação ao CTR, o que se sabe sobre todos os pontos disponíveis para analisar o problema? Onde estão as informações sobre as ações jurídicas? Em que pés elas estão? Onde está a cronologia do problema, localizando-a no tempo e no espaço? A que lógica respondem os eventos relativos ao movimento contra a implantação do aterro sanitário? Aliás, qual é o nome do movimento?
Pouco se sabe sobre o próprio movimento, que nasceu sim com a participação de pessoas interessadas em política, mas que trás ineditamente a presença maciça da Associação Comercial e de profissionais da Embrapa e da UFRuralRJ. Em tempos de redes sociais, ainda não se tem um site, twitter, facebook e ferramentas similares. Quem quer ficar a par do que acontece depende de boato. Não se conta com muitos apoios econômicos, e não se organiza o suficiente para levantá-lo. Age-se sem responder a uma lógica, uma estratégia de ação que trabalhasse mais com os recursos que se tem do que com os sonhos que movem as pessoas. Sai-se a luta diária sem se saber a qual objetivo aquela ação está associada, que metas precisam ser atingidas. O coração passa a ditar as ações contra o tempo, figura que ganha o status de principal inimigo.
E na onda do boato segue o movimento. Por exemplo, o show que aconteceu sábado (13/11) em Seropédica, um grande fiasco, foi promovido por quem? Pelo movimento ou pela Prefeitura? Foi consenso entre os dois? Qual foi o ISS acordado pela Prefeitura anterior para cobrar o CTR? A Prefeitura tem poder para fiscalizar o CTR ou isso é exclusividade do INEA, órgão que aprovou um aterro sobre um aqüífero?

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Mulher no poder em Brasília. Mulheres no poder no CTR em Seropédica.

Tá na mídia: Dilma no poder em Brasília. Mulheres no poder no CTR em Seropédica. O que se pode esperar disso?
De Dilma espera-se um comando seguro e ético da nação, além do desenrolar das reformas fiscal e política. Espera-se que o governo tenha, enfim, políticas públicas estruturantes para encarar os problemas na saúde, educação, geração de renda para retirar pessoas da miséria e meio-ambiente, entre outras expectativas. Com relação a questão ambiental, o Diário da Lixolândia espera que Dilma leve a frente o “legado de Marina Silva”, que baseou sua campanha a presidência nesta questão. Espera-se, entre outras coisas, que ela seja capaz de liderar em nível nacional um projeto de lei que impeça a importação de lixo de outros países. E que a Assembléia Legislativa carioca faça o mesmo. Assim impor-se-ia uma pequena derrota aos empresários e políticos envolvidos com o CTR, que só ganham, só se dão bem, enquanto Seropédica vira a Lixolândia.
É uma esperança, muito embora tenha-se dúvidas sobre a vontade e envergadura moral de políticos cariocas para dizer não aos interesses da empresa Julio Simões, dona do CTR, e responsável pela terceirização da frota da Conlurb e da Polícia Militar. Em Minas Gerais só dá essa empresa nas terceirizações! Péssimo marcador. E há quem acredite que Aécio Neves e Sergio Cabral representem modernização da Administração Pública. No caso de Seropédica, a proximidade entre os interesses de Sergio Cabral, Eduardo Paes e da empresa Julio Simoes, sob as luzes da modernização da administração pública, nos leva a receber goela abaixo um problema ambiental cercado, privatizado e pelo qual todos pagarão. Só que os problemas ficarão aqui: o aterro é para sempre; poluição; desvalorização imobiliária; milhares de miseráveis que girarão em torno do lixo e toda desorganização bem peculiar a esta atividade econômica. Mas a empresa continuará ajudando estes bons homens em suas campanhas políticas.
As mulheres estão no poder no CTR. Em matéria certamente paga, do dia 3 de Setembro de 2010, em HTTP://oglobo.globo.com, são apresentadas as mulheres que comandarão o CTR da Lixolândia. A matéria não cansa de elogiar as características das moças que tocarão o fruto da modernização da administração pública, a tecnologia aplicada e outras coisas inúteis. O importante é que elas vão morar mesmo na Zona Sul do Rio de Janeiro, não ficarão por aqui, não terão qualquer envolvimento com o futuro da Lixolândia, se é bem ou mal administrada, se tem problema de transporte, saúde, educação, ambiental ou se é governada ou não por prefeitos oportunistas e que se colocam sempre abaixo na escala moral. Com esse lixo elas não vão lidar, pelo menos até a próxima eleição, quando os políticos forem procurar os agrados da empresa Júlio Simões. O que se pode esperar dessas moças bem sucedidas e felizes? Essa empresa tem projeto de responsabilidade Sócio-ambiental? Ao dizer sim a esse monstro, a Lixolândia vai ter sua história positivamente transformada? Qualquer compensação dada levaria a mudanças significativas? Baseado no que conhecemos da administração pública local, é provável que a Lixolândia continue sendo o vilarejo que cresce a beira da estrada.