Embora seja sempre recebida com desconfiança e medo, mudança é algo que faz parte do imaginário e do discurso das pessoas. É muito comum ver pessoas querendo e defendendo mudanças. Talvez seja uma resposta natural aos estímulos dados por tanta transformação tecnológica, tanto acesso a informação e a apelos comerciais. Mudar virou moda. Logo, veste-se essa grife. Para uns é quase uma ideologia. Logo, nada pode ser mesmo como foi anteriomente, ainda que tenha sido algo vitorioso, edificado em valores e atitudes moralmente defensáveis e fruto da reunião e aplicação de inteligência, bom senso e responsabilidade com fins a produção do bem comum.
Entretanto, como realizar mudanças que sejam efetivas quando não se dispõe de informações precisas, recursos apropriados e quando não se tem visão acurada da realidade que se quer mudar? Em outras palavras: o que não pode ser medido, não pode ser mudado. A mudança estruturada, aquela que representa a aplicacao de inteligência e recursos apropriados, dá-se via planejamento, materializa-se via projetos, estes que geralmente devem ser fruto de discussões, reflexões e consenso. Estuda-se a realidade; avalia-se a mesma, bem como aos riscos e impacto de se mudá-la; toma-se a decisão. Quando não nos estruturamos para a mudança, para fazê-la acontecer, ela acaba acontecendo aos caprichos do tempo, situação esta que abre brechas para muita coisa, mas principalmente para a aparição de oportunistas, de ações pontuais, estas orientadas sempre para ganhos menores e individualizados.
Aborda-se este tema do para dar conta de uma situação bem evidente na realidade presente da Lixolândia: a falta de informação e de fontes fidedignas. Observa-se grandes transformações na Lixolândia, mas não sem tem disponíveis informações e fontes de informações que abordem tais transformações. As coisas mudam por aqui, mas a sociedade em geral não tem como se inteirar ou apropriar-se do que está acontecendo. Foi assim que, por exemplo, instalou-se o aterro sanitário, que começaram as obras do arco rodoviário que ainda não sabemos se haverá alça ou não para quem é da lixolândia e que foi posto no km 53 um assentamento de casas sem que se saiba se houve um estudo abordando os impactos da sua instalação. Mais: O que se sabe sobre o EIA-RIMA do Aterro Sanitário?; O que se sabe das ações empreendidas pelos que são contra a instalação deste aterro?; O que tem sido feito com relação aos aspectos jurídicos e administrativos contra a instalação do Aterro?. Não se sabe de nada, fica-se as escuras, ao prazer da boataria.
Na Lixolândia imperam os boatos. Sempre eles! Não se tem jornais abordando problemas da cidade que não sejam ligados a políticos. Não se tem rádios. Os sites das Câmara e da Prefeitura não são fáceis de serem encontrados ou não existem. Muito pouco se sabe sobre as mudanças que acontecem por aqui, e que, na sua grande maioria, não resultam da aplicacao de inteligência e de recursos apropriados, via planejamento, materializando-se em projetos. Muda-se, mexe-se drásticamente na vida das pessoas, sem que se estimule discussões, reflexões, estudos e consenso.
É nesta paisagem árida de desinformação que a realidade vai sendo construída na Lixolândia. É nesta aridez que o ambíguo, o escorregadio e o imoral proliferam. O Diário da Lixolândia tem sinalizado para a necessidade de uma manifestação mais consistente e menos ambígua do novo governo com relação ao tema Aterro. Dias atrás fez-se o post sobre a reunião não realizada pelo prefeito com pessoas ilustres da cidade, que opôem-se ao Aterro. Soube-se que houve outra reunião, esta na casa de um dos membros da Associação Comercial, onde ele, o prefeito, explicou-se. Soube-se que houve no dia 30 de novembro, reunião entre membros da Procuradoria da Prefeitura e de advogados contratados por membros da Associação Comercial para tratar do tema Aterro. Soube-se é a expressão maior da materialização do boato. E isto é muito chato, ruim para quem quer produzir conteúdo, participar da construção saudável e democrática de novas realidades ou que terá sua vida influenciada por aqueles que decidem sobre as mudanças. Perseguição ao governo? Claro que não. Tudo o que se espera é que ele dê certo, e que a base do seu sucesso seja a consolidação de um modo de agir que seja diferente daquele feito pelos governos anteriores.
Enquanto nada é feito para dar clareza e confiabilidade aos eventos associados a mudança da realidade da Lixolândia, observa-se como a população lida com tais eventos. A discrença, ceticismo, narcismo e arrogância são atributos comuns nos comportamentos das pessoas que tomam decisão ou que serão afetadas por elas. Fala-se, por exemplo, que a prefeitura não pode simplesmente dizer não ao governo estadual e federal, dos riscos associados. Riscos para quem? Que riscos são esses? Podemos estudá-los em conjunto, democraticamente? Fala-se dos repasses ou contrapartidas relativas a transformação de Seropédica na lixeira da cidade do Rio de Janeiro. Onde estão as informações sobre esses repasses? Por fim, vamos simplesmente dizer sim a dinâmica imoral e obscura patrocinada pelo governo anterior só por que haverá compensações, repasses? Vamos dizer sim as práticas danosas que proliferam sob os efeitos da desinformação? Vamos aceitar nossa realidade ser transformada com base em boatos, estes que só beneficiam poucos, principalmente aos políticos escorregadios e oportunistas da Lixolândia?
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