quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Que venha logo o corpo de bombeiro.

Nunca ansiamos tanto pela presença de uma unidade do corpo de bombeiros aqui na cidade como nos dias de hoje. Estávamos acostumados com a presença dele ali em Paracambi, com a sensação de que estava perto.

Atualmente, toda vez que ouvimos o som das sirenes do corpo de bombeiro vindo lá da direção da estrada, experimentamos uma angústia danada. Pode ser fogo em alguma mata, mas logo pensamos em acidentes, e damos continuidade à angústia até ficar sabendo onde foi e o que de fato aconteceu. A distância de Paracambi agora parece ser muito maior.

E tem sido quase que diária a situação da sirenes, demonstrando outra faceta dessa nossa condição de reféns de uma cidade que cresceu e cresce desordenadamente à beira de uma rodovia federal.

Somos reféns por depender da concentração de todas as facilidades (banco, comércio etc) à beira da estrada e do abandono dos bairros e da ausência de um sistema de transporte interno que nos pegue perto de casa e nos deixe num ponto seguro de alta capacidade para podermos realizar as atividades centrais das nossas vidas. E os bairros crescem cada vez mais para dentro, com casas cada dia mais distantes da beira da estrada; viramos dependentes do prestativo, porém inseguro transporte de moto. Agora somos reféns dessa sirene, mostrando o quanto continuamos presos ao que ocorre à beira da estrada.

O atual status do nosso cárcere tem muito a ver com os problemas históricos: fazemos uso de uma rodovia para deslocamentos usuais, quando normalmente estamos menos concentrados e, portanto, sujeitos a incidentes. Por outro lado, como transeuntes, experimentamos cada vez mais a péssima situação de stress  ao ter que cruzar a pista, dado que não fazemos uso das passarelas. Continuamos trocando, em proporção cada vez mais desigual, o sacrifício da segurança de passar pela passarela pelo stress de experimentar um risco de morte cada vez maior. Estranhas escolhas que perpetuamos nessa cidade.

Mas nosso cárcere tem situações bastante peculiares. Ficamos revoltados com a altura do asfalto em relação às entradas e saída da cidade após a obra, mas achamos normal uma coisa chamada "Empreendimento" ter um ponto de ônibus inútil e o condomínio minha casa e minha vida, a 200 metros depois, não ter ponto algum, deixando as pessoas expostas ao pior risco possível. A faixa de pedestre ali serve para marcar o local exato onde as pessoas serão atropeladas. Sim, quem liberou aquele condomínio ali agiu dolosamente e por isso deveria ser punido.

Também não falamos nada da faixa de passageiro ficar entre os pontos de ônibus na rua 4, coisa que complica ainda mais quando dois ônibus param de cada lado e ninguém passa. Ainda achamos normal uma feira aos domingos à beira de uma rodovia, como se ainda fôssemos aquele distrito de poucos mil habitantes e que tinha na feira produtos agropecuários da região; é um transtorno para todos e deveríamos ter feiras dentro dos bairros e com atrações culturais.

Por fim, achamos normal uma Casa de Cultura, por mais bela que seja, por mais nobre que seja o intento, ser posta à beira de uma rodovia e sem qualquer preocupação com quem chega de transporte público, mas bem conveniente para quem tem carro; enfim, não deveria estar ali, pois precisamos sair dessa incômoda beira de estrada-dependência para nos apropriarmos segura e democraticamente do espaço público.

Que venha logo o corpo de bombeiro, pois o trânsito só aumenta.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Responsabilidade social é = a + ou - que agir cosmeticamente no vácuo.


No vácuo da ausência do DNIT, e mesmo da ausência da UFRRJ e da Prefeitura de Seropédica, a empresa Real Rio realizou hoje pela manhã um breve ato sobre segurança e respeito no trânsito. Hoje é o dia nacional do trânsito.

Em frente a entrada principal da UFRRJ, a empresa colocou pessoas segurando cartazes com muitos dizeres, mas especialmente sobre o respeito àquelas pessoas que passam na faixa de pedestre entre os pontos de ônibus. Foram breves os momentos que ali ficaram. Chamam isso de responsabilidade social.

Numa cidade que mais parece uma vila à beira de uma rodovia - como se só houvesse vida ali -, alguns minutos de manifestação sobre trânsito, feitos por uma operadora de transporte público, não devem ser considerados como alento ou uma luz no fim do túnel. É uma lástima, apesar da ação da empresa. A UFRRJ e a Prefeitura são muito tímidas nessas ações e geralmente escoram-se na fala de que "eles não tem ingerência sobre a Rodovia".

A UFRRJ está inserida nessa cidade e repete as suas práticas: ver sua comunidade à deriva nos pontos de ônibus à beira da rodovia. Sem sistema interno de transporte pensado para prover deslocamento seguro, eficiente, confiável e pontual, as pessoas, tanto em Seropédica como na UFRRJ, vão para os pontos pegar ônibus e enfrentar minutos que podem ser angustiantes porque não há conforto, proteção contra sol ou chuva ou iluminação satisfatória.

Portanto, responsabilidade social passa a significar, em muitos contextos, o mesmo que agir oportunamente ou "cosméticamente" no vácuo histórico de atores que deveriam estar capacitados para isso ou deixar de serem indiferentes a isso. Mas até onde vai o interesse ou benevolência desse ator que age oportunamente?

UFRRJ: TRANSPORTE TEM QUE SER ASSUNTO ESTRATÉGICO

Não bastassem os itens anteriores, temos a proliferação de pontos pequenos na frente da área da UFRRJ. Temos os históricos pontos da Floresta, da Veterinária e do Dutra, este último bem carregado. Se for aberto o ponto do CAIC (ou que leva ao PAT), aumenta o impacto da UFRRJ sobre o sistema de ônibus, pois é uma parada a mais para os ônibus que vão e que chegam, aumentando o tempo de viagem. Isso precisa mudar, pois quem mora depois da UFRRJ, sentido Santa-Sofia, sofre o impacto na ida e na volta (desnecessário lembrar os históricos problemas com o "entrar, na UFRRJ, do Real Rio").

Ponto inquestionável: os pontos atuais são inseguros, sem conforto e expõem demais as pessoas, por mais que sejam práticos e rápidos. Esta na hora de começar a pensar que o tempo que se ganha desse jeito é o mesmo que aproxima as pessoas de altos riscos de incidentes. A troca não vale a pena, mas continuamos a fazê-la, achando que passamos imunes e impunes pela vida. Sobre trocas onerosas, é visível que em dias de sol, os usuários dos moto-taxi aqui na UFRRJ trocam a segurança do capacete pela insegurança da beleza à vista.

A mudança pode ser baseada, por exemplo, num transporte interno que permita à comunidade deslocar-se de maneira rápida, frequente, segura e confiável até um ponto seguro, com conforto e de alta capacidade, em frente ao portão central. Com o tempo, as operadoras de transporte seriam forçadas a aperfeiçoar a sua operação também. Ganhariam todos: operadora de transporte, UFRRJ e moradores de Seropédica.
Aliás, toda ação de transporte e/ou uso do solo que tire esse estigma de vila à beira da rodovia é muito bem vindo, pois muda radicalmente a maneira como as pessoas se apropriam do espaço em que residem.

Pensem nos milhares moradores de Seropédica que todos os dias deslocam-se desoladamente, à pé ou em suas bicicletas, de seus bairros para os pontos de ônibus e lá continuam a jornada de padecimento. Não há como negar que chegar ou sair de Seropédica de ônibus é uma jornada diária de padecimento.

A UFRRJ precisa ter em sua pauta de ações estratégicas e de planejamento o fato dela ser um grande Polo de Atração/Geração de Viagens. Ela impacta a região e a si mesma, pois quanto mais cresce o número de viagens/deslocamentos, maiores são os problemas de segurança, poluição, gasto com piso e sinalização, dado que ela, ao não ter qualquer política de transporte, deixa o vácuo para que mobilidade seja entendida como ter carro.

O tempo passou: a UFRRJ não é mais aquela paisagem idílica de outrora, quando a comunidade poderia deambular e pedalar tranquilamente para realizar suas atividades diárias entre as 8 e às 17. Sim, é complexo, implica em custos e mudanças de hábitos e de mentalidade. Geralmente não são coisas muito fáceis de se lidar. Se fizer isso, estará fazendo o que lhe cabe por ser, também, uma cidade, e não precisaremos mais de exemplos esporádicos de responsabilidade social. Precisamos de mobilidade segura, sustentável, humanizada e eficiente.

Marco Souza

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Um Arco Rodoviário e algumas teses a pagar.

Seropédica está a alguns meses de colocar algumas teses  polêmicas em plena prova. E vai fazê-lo de maneira bem cara.

Tais teses dizem respeito ao tema transporte e política de uso do solo para a região.

O fato que vai por tais teses em prova é o funcionamento do Arco Rodoviário, esperado há anos, e uma das obras mais caras do nosso elenco de obras abusivamente caras.

A primeira tese é bem conhecida, a da Nova Dutra. A empresa, que para criar condições favoráveis para o Pedágio estendido, dizia que este faria diminuir o volume de tráfego da região, pois os motoristas queriam fugir do pedágio e enfrentavam a Av. Brasil e se submetiam ao padecimento de dezenas de quebra-molas.

Tese facilmente questionada com algumas semanas de contagem de veículos, prática esta que o poder público Seropedicense sempre fez vista grossa.

Existem evidências de que boa parte do tráfego experimentado há anos aqui deve-se ao crescimento da região e do Rio de Janeiro, principalmente na Zona Oeste. Se ela cresce, a região atrai tráfego. Logo, para qualquer motorista é mais fácil pegar a direção São Paulo a partir da BR 465.

A cidade paga e continuará pagando pela adesão indébita (será?) de nossos homens públicos à tese da CCR. Além disso, não vimos outra manifestação de outros atores da região, como as Associações.

A segunda tese é aquela que diz que temos problemas de mobilidade em Seropédica por causa do grande tráfego que por aqui passa. Ora, defendo sempre, temos problemas de mobilidade porque o tráfego para todas as vezes que uma ou mais pessoas quiserem cruzar a BR 465 de um lado pro outro, seja de carro, seja à pé. Se para um carro, param os outros. Até o pelotão de carros formado começar a dispersar-se, levam-se alguns preciosos minutos. Mas logo para novamente.

É que o que mais temos por aqui, do km 54 ao km 39, é gente cruzando a BR 465 em qualquer lugar e a qualquer hora do dia.

O Arco Rodoviário atrairá tráfego, sim, mas só aquele que vem do e vai para o Porto. Ainda não há ligação atraente para que aquele que vem da ou vai para a  Zona Oeste do Rio entre no Arco Rodoviário. O que levaria aquelas pessoas irem até a Ilha da Madeira para pegar o Arco Rodoviário e rumarem para São Paulo? Sim, isso muda se tiver alguma entrada ligando a Rio Santos ao Arco Rodoviário perto da entrada do Chaperó. Teremos?

A terceira tese é a que defende que o crescimento de Seropédica seguirá o eixo do Arco Rodoviário, o que justificaria a manutenção desse crescimento doentio à beira da BR 465, sem que houvesse ação do poder público para levar o crescimento para o interior de bairros como o Boa Esperança e Fazenda Caxias ou como ocorre entre os bairros dos km 42 ao km 39.

Esta tese é polêmica demais, pois basta pegar o Arco Rodoviário para constatar que não há saídas para dentro de Seropédica. Se não há saídas hoje, elas podem vir futuramente? Sim, podem, mas qual será a política de uso da área lindeira ao Arco Rodoviário? O que a cidade tem de planejamento de transporte e de uso do solo para essas regiões lindeiras ao Arco Rodoviário? Onde estão esses projetos e como eles são publicizados para a população? Algo a ser descoberto.

Enquanto isso não for esclarecido, a atividade econômica que por ventura vier sediar-se à beira do Arco Rodoviário terá seu trânsito entrando ou saindo da BR 465 e passando por ela, fazendo com que a vida dessa cidade que padece à beira de uma rodovia fique ainda mais desqualificada.

Sim, a responsabilidade é do poder público seropedicense, não do Arco Rodoviário. Em relação aos temas mais agudos ou crônicos para a nossa cidade, o poder público seropedicense mostrou-se, historicamente, ora indiferente, ora omisso e sempre incompetente e bastante sensível aos interesses de outros atores envolvidos nessa questão. 

(Ah, lembrando, como ficará a vida daqueles que saem dos km 49 para trás para entrar no km 52? Terão que parar o carro no meio da BR 465 e fazer a conversão? E o risco de acidentes? Serão estimulados/orientadors a pegar o Arco em direção a Japeri e nele fazer o retorno para entrar no km 52? Esperamos que não paguemos com vida a ausência de duplicação da BR 465)

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Chorume: fatos e representações

Chorume é o líquido resultante do processo de putrefação ou apodrecimento de matérias orgânicas. É muito encontrado em lixões e aterros sanitários; possui um cheiro muito forte e desagradável ─ odor de coisa podre[i]. Se não for tratado, o chorume atinge lençóis freáticos, rios e córregos, contaminando-os. A água contamina o peixe que comemos e a água usada para irrigar outros alimentos que nos sustentam.

Chorume é fato: polui e degrada Seropédica; está objetivado na matéria[ii] que denuncia que o CTR Santa Rosa ─ a falaciosa moderna proposta de tratamento de lixo do Rio de Janeiro ─, não trata o chorume, nem cumpre o que foi prometido. Chorume é representação: vá até o CTR Santa Rosa e veja no que se transformou aquela linda paisagem; e que poderia ser nossa, ter vários e diferentes usos, nos oferecer diversos benefícios, simbolizar muitas outras coisas nobres para nós e à sociedade brasileira, que não simplesmente sermos Seropédica: a lixeira do Rio de Janeiro. A paisagem está poluída. Vá um dia até lá  e pense em tudo de bom que você poderia propor e fazer naquele espaço para transformar positivamente a vida de todos!

Lixo, ou resíduo, é qualquer material sem utilidade para quem o detém[iii], e é jogado fora, descartado. Nos dicionários de língua portuguesa lixo pode ser “coisas inúteis, imprestáveis, velhas, sem valor; aquilo que se varre para tornar limpa uma casa ou uma cidade; entulho; qualquer material produzido pelo homem que perde a utilidade e é descartado”[iv].

Chorume também ganha excelente representação ao apreciarmos a política Seropedicense: infelizmente  esta ganha, cada vez mais, a perfeita representação de um depósito de matéria sem utilidade, descartável. E do lixo, como sabemos, escorre o chorume. Neste caso ele polui um terreno muito valioso: o imaginário do eleitor; os sentimentos, motivações, atitudes e comportamentos dos cidadãos.

O lixo político seropedicense fica bem observado no período político, nas diferentes manifestações dos candidatos a prefeito e vereador, e na maneira como se organizam para alcançar seus objetivos. São ideias e propostas sem qualquer utilidade, altamente descartáveis, uma obra (de horror) em torno do nada, mas que tem a mudança como matéria prima. Pouco se aproveita, de fato. Tudo o que é comunicado e feito, representa esse  chorume altamente tóxico. Matéria que contamina a importância simbólica da mudança, da transformação, da criação de novas realidades positivas para uma sociedade, paisagem ou geografia.

Mudança que, se formos realistas, Seropédica conheceu bem pouco, ou que só conheceu, e de maneira drástica, por ser transformada na lixeira do Rio de Janeiro. Neste sentido, parceria é uma palavra ou conceito utilizado pelos políticos para a edificação da obra em torno do nada, o veículo do discurso vazio, que passa na via pavimentada pelo "asfalto na porta da casa", o ícone do fazer nada ou de dar ao muito pouco feito o status de "progesso". É assim que se apresenta: “Estamos juntos!”, “Vamos que vamos!”, “Estou contigo, irmão!”, “A minha vitória é sua!”, "nossa família estará no seu bairro levando nossa força e amizade". E outros mais que apenas informam a capacidade que temos de pegar palavras bonitas para não dizer absolutamente nada. Chorume.

São entulhos que os políticos sequer param para refletir sobre a razoabilidade do que está sendo dito. É o entulho que vem de dentro da alma vazia de valores e ideais nobres, e que está orientada apenas para as metas de curto prazo de quem quer se locupletar da disponibilidade do dinheiro público e do status que o cargo fornece. Pessoas que definitivamente não estão orientadas para a real transformação da realidade que vivemos, dessa difícil arte de pensar e edificar um projeto de vida e de “viver Seropédica”.

Um político diz que a mudança tem que continuar, que o passado não pode mais voltar. Ora, se algo tivesse realmente mudado ou estivesse em transformação, não haveria risco de uma recorrência, por parte da população, a uma referência do passado e a ele querer voltar ou retornar. Muito pouco mudou: a paisagem continua a mesma ou piorada, como se o tempo não tivesse passado para Seropédica e seus moradores. Sim, essa permanência do mesmo que desanima e amedronta facilita aqueles que recorrem ao que já viveram para definir o que vão fazer. Eles sabem bem o que significa uma cidade que tem na prefeitura o maior empregador. Além disso, asfalto não representa muita coisa, pavimenta apenas o caminho do discurso vazio. Chorume.

O outro político diz que quem não fez perdeu a vez, que forasteiros tem que sair da cidade que, presume-se, foi invadida e agora precisa de um herói, ele mesmo. Impressionante esta descrição da realidade que, de fato, é agônica. O político diz que sabe fazer, mas ele é o que não fez nada, pois esteve oito anos como prefeito da cidade. Ele fundou e cristalizou o mesmo nada que prevalece até hoje, intocável pela atual gestão: a cidade que é a imagem de bairros que ocupam de maneira desordenada a beira de uma rodovia, de ruas sem passeios, e que tem moto-taxis, trailers e barraquinhas de camelôs como cartão postal; que tem uma educação ruim e uma saúde péssima. Assim segue a escala. Chorume.

Um outro político traz a locução do Governador Sérgio Cabral dizendo que vai realizar grandes parcerias com esse político, se ele ganhar; vão atrair indústrias e gerar empregos, mudar a nossa realidade. Ora, porque o governador ainda não fez isso por Seropédica? Porque é preciso que o político dele ganhe para que surta efeito a “parceria” com ele, o governador? Sim, Sergio Cabral ajudou a mudar um pouco Seropédica, ele está por trás da localização do CTR Santa Rosa em Seropédica, de toda essa maliciosa e perversa manobra que fez com que o prefeito Darci dos Anjos e sete vereadores dissessem sim para o que nenhuma outra cidade queria, pois sabiam perfeitamente que era uma bomba. Pelo que o governador diz,  um prefeito tem autonomia e o poder de escolher o que ele vai fazer. Pergunta-se: porque o atual prefeito não negou o alvará para o CTR? Chorume.

Outro político diz que a esperança vai vencer o medo, importando o jargão do PT na época da primeira eleição do Lula. A população de Seropédica tem medo de quê, se nada mudou? E ela continua fazendo as suas escolhas. Para quem ele está falando? O que a população ganha ou deixa de perder, ou perde ou deixa de ganhar, se votar nesse candidato? Do que ele está falando ao remontar o eleitor à relação entre esperança e medo? Por que aludir ao medo, misturá-lo com a esperança, se nenhuma proposta foi efetivamente construída e apresentada num razoável plano de governo que mostre às pessoas o caminho que leva ao que é diferente do nada? Onde está a linha histórica que demarca, com atos e discussões consistentes, a construção de uma proposta que se opõe ao que se tem? Chorume.

Entre os candidatos a vereadores encontramos outra parte do entulho, a maior parte dele, por sinal: eles falam que vão trazer indústrias, gerar empregos, asfaltar ruas, melhorar a educação e a saúde, disseram até que vão trazer aeroporto para Seropédica. Chorume pesado que escorre de ideias, propostas e valores sem utilidade alguma, e que tem em palavras, e sua valiosa significância, o veículo do nada.

Dizem que “vão fazer por nossos filhos, o que os políticos anteriores não fizeram por eles mesmos”. Falam do que deveriam ter feito os prefeitos que tivemos, sequer tocam naquilo que competia e compete aos vereadores: pensar nas leis, fazer a fiscalização dos atos do executivo e a audição digna e ativa dos anseios da população. Se ainda estamos elaborando e reelaborando o nada, o que fez a maioria dos vereadores que tivemos em Seropédica? Pouca coisa se aproveita. Chorume.

Chorume é fato: todo esse chorume polui o valioso terreno: o imaginário do eleitor e os sentimentos, motivações, atitudes e comportamentos dos cidadãos. Está contaminada a percepção do que seja mudança e a efetiva capacidade de fazê-la real.

[i] Disponível em: http://www.suapesquisa.com/o_que_e/chorume.htm. Obtido em 20 de setembro de 2012.
[iii] Disponível em: http://www.codeca.com.br/lixo_o_que_e_lixo.php. Obtido em 20 de setembro de 2012.
[iv] Disponível em: http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/o-que-e-lixo/11443/ Obtido em 20 de setembro de 2012.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Dos sonhos e da agonia de uma debutante (Parte II)

O fenômeno do transporte é um excelente marcador social, cultural e econômico para tratar da agonia de Seropédica. Em outros posts essa realidade foi pontuada a partir da dependência da cidade pelo padrão de ocupação à beira da Rodovia Rio-São Paulo. Afirmamos que esse padrão de uso do solo é completamente equivocado e com grandes reflexos na vida dos cidadãos.

 

Essa realidade acarreta sérios problemas para a população, sendo os riscos de acidente, estresse e concentração de renda os mais visíveis. A concentração de renda significa que tem maior valor econômico às propriedades mais próximas às porções da beira da rodovia que são ocupadas por atividades econômicas e residenciais.

 

Transporte e uso do solo são duas áreas negligenciadas pela prefeitura de Seropédica, que certamente não dispõe de mão-obra e demais recursos para pensar a complexa interação entre o padrão de uso do solo e o sistema de transporte existente. Essa interação explica a qualidade de vida agônica observada na cidade e o que pode ser esperado para o futuro. A história ensina que os políticos daqui não demonstram interesse ou vontade para tocar no assunto: os que já passaram deixaram colégios, fórum, hospitais à beira da estrada.

 

A agonia da cidade pode ser observada na dependência que boa parte da população tem do transporte de ônibus para o Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, Itaguai, Paracambi e Piraí. O transporte é de qualidade sofrível. Para piorar, conforme cresce a ocupação à beira da Rodovia Rio-São Paulo, mais pontos são criados e mais quebra-molas são colocados. Mais pontos e mais quebra-molas implicam em aumento significativo do tempo de viagem, pois forçam mais paradas nos ônibus. Nos horários de pico esse atraso é ainda mais significativo.

 

A duração da viagem de ônibus de quem mora da UFRRJ em diante, km 47 ao km 54, é influenciada pela dinâmica da UFRRJ. Alguns ônibus entram na UFRRJ, e isso significa aumento do tempo da viagem. A UFRRJ aumenta gradativamente sua população, implicando em aumento de embarques e desembarques nos pontos em seu entorno. Sobre esses pontos, vale ressaltar que existe a possibilidade da UFRRJ solicitar a criação de mais um ponto de ônibus, especificamente à beira do CAIC, para atender aquele colégio e aos alunos que estudarão no Pavilhão de Aulas Teóricas – PAT, situado a uns 400 m metros atrás do CAIC. Dado o tamanho do prédio, que tem 48 salas de aula, é esperado que o carregamento desse ponto supere o das outras paradas na UFRRJ.


Convém ressaltar que a UFRRJ não tem qualquer programa de gestão da mobilidade em seu Campus. Desta maneira, as decisões sobre acessibilidade e mobilidade tendem a atender ao que parecer mais prático, sem que sejam considerados, de maneira global, os impactos produzidos e os riscos corridos. Por exemplo, há tempos observa-se o perigo de embarque e desembarque no ponto “Veterinária”, o que fica mais crítico com o aumento do volume de tráfego de veículos pesados, mas nada é feito. O ponto continua no mesmo lugar, dado que é mais prático para quem chega ou sai por ali, apesar dos riscos e de haver amplo e disponível conhecimento sobre gestão da mobilidade e da acessibilidade. Sobre o que é mais prático em transporte, ensina a experiência dos que passam por baixo de uma passarela: o tempo que se ganha com a praticidade é o mesmo que aproxima o beneficiado do acidente.

 

A realidade acima torna-se dramática quando consideradas as questões de crescimento desordenado entre os km 42 e 32 da rodovia. Os pontos de retenção do trânsito mais críticos estão nestas localidades. Trata-se de uma agonia compartilhada entre Seropédica e a parte de Nova Iguaçu que é cortada pela rodovia. É tudo muito semelhante: cidade a beira da rodovia, sujeira, bagunça, barulho e a forte sensação de que o local não tem poder público, que vive com as próprias regras e está entregue a própria sorte. Em outro post chamamos atenção para o fato de que a área onde ficam as casas populares do km 53 será, no futuro, o km 32 de Seropédica.


Nas ruas que margeiam ou desembocam na rodovia observam-se maiores detalhes dessa agonia inerente ao descaso com o planejamento e gestão do transporte. No km 49 foram tiradas quadras de esporte que ficavam à beira da rodovia. A área ganhou asfalto e virou um estacionamento. Qualquer veículo pode parar lá, independente do horário, tamanho, peso, carga transportada ou direção que venha. Perto dali abriu-se uma nova agência bancária. As pessoas vão parando umas atrás das outras e, para que não fiquem presas, impossibilitadas de sair, elas dependem da atenção dos que vão chegando. Se isso não acontecer, tem-se pessoas com os carros presos à espera de alguém que sabe-se lá onde está.

 

Problema semelhante ocorre perto do posto de gasolina. Perto dali tem-se banco, restaurantes, farmácias etc. As pessoas param onde querem por ali. O posto de gasolina tem que colocar fitas demarcando o seu território! Algumas vezes é difícil chegar ao posto para abastecer. Os pedestres ficam em condição perigosíssima, pois entram e saem carros e motos de todos os lados. É tudo muito semelhante: cidade a beira da rodovia, bagunça, barulho e a forte sensação de que o local não tem poder público, que vive com as próprias regras e está entregue a própria sorte.

 

Outro exemplo para analisar essa negligência com o fenômeno transporte é a instalação da loja agropecuária entre a UFRRJ e o km 49. Aquela parte da rodovia é extremamente perigosa, mesmo assim foi dado o alvará. O risco de acidente para estacionar ou sair dali é altíssimo. A tendência é que sejam colocados quebra-molas ali, respondendo aos acidentes que certamente vão acontecer. Colocados os quebra-molas, aumenta automaticamente o tempo de viagem para aqueles que pegam ônibus para o Rio de Janeiro, Campo Grande, Itaguaí e Nova Iguaçu.

 

O Diário da Lixolândia não é contra a atividade econômica, apenas entendemos que não é ela quem tem que definir como vivemos. São os requisitos da segurança, qualidade de vida, cidadania e preservação ambiental quem tem que definir como a atividade econômica pode ser. É meio idealista a proposição anterior, mas existe conhecimento técnico e científico suficiente para garantir atividade econômica e condições sociais menos agônicas. É possível conciliar tempo e aplicação de conhecimento na construção da realidade, basta legitimar o papel do planejamento. Quando tempo e aplicação de conhecimento não se encontram para produzir a realidade que dignifica o cidadão, sobressai a agonia que o humilha. 



Vale para a debutante Seropédica: o tempo que se ganha com a praticidade e o pragmatismo -  como observado na instalação do Aterro de Lixo - é o mesmo que aproxima a "beneficiada" de um futuro acidentado. Peguemos a experiência de quem tem duas passarelas que não são respeitadas para pensar o nosso futuro e para pensar sobre a chegada de uma montadora.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Dos sonhos e da agonia de uma debutante (parte I)

Neste primeiro post de 2012, gostaríamos de recuperar parte do que foi abordado em “Um olho no amanhã, outro no presente”, post que fecha o segundo ano do Diário da Lixolândia. Vamos falar da complicada relação entre o fenômeno do transporte e cidadania, crescimento e desenvolvimento econômico e social, veículos, vias e trânsito em Seropédica. Relação que traz em seu bojo os sonhos e a agonia da debutante Seropédica, que acaba de completar 15 anos de idade.

Seropédica respira a expectativa e sonho de receber uma montadora de automóvel. A notícia consta da publicidade governamental como trunfo para consolidação do Rio de Janeiro como Polo Automotivo. A cidade entra na rota dos booms extemporâneos de crescimento econômico que transformam radicalmente a paisagem de uma região. A experiência brasileira mostra que esses booms ocorrem sem que sejam tomados os devidos cuidados para que haja desenvolvimento. A CSA é o exemplo mais próximo que temos. As chances de que ocorram os mesmos problemas aqui são altíssimas. Implantar colossos industriais ou de outros tipos sem que sejam feitas as devidas considerações com relação aos aspectos ambientais, sociais, culturais e econômicos é marca registrada do Brasil e do Rio de Janeiro. Transformar a realidade "à toque de caixa" é algo feito sem pudor por aqui, basta ver a implantação do aterro em Seropédica. A conseqüência é que a distância entre sonho e pesadelo é diminuída drasticamente, embora para os arautos do desenvolvimentismo, os fins justificam os meios.

Do ponto de vista da sensatez e da responsabilidade, inserir Seropédica na paisagem da economia automotiva brasileira exige mais que algumas canetadas de políticos oportunistas. É preciso pensar em infra-estrutura, externalidades ambientais, planejamento de transporte e uso do solo e planejamento para que os moradores da cidade (ou região) possam ser inseridos em outros cargos que não os de menor qualificação e baixos proventos. A CSA é um excelente exemplo para análise. Além dos problemas ambientais, boa parte de seus trabalhadores vem de Volta Redonda e tinham experiência anterior em siderurgia. E vem de ônibus: ela não se assentou na região, não gerou as externalidades econômicas positivas que poderiam gerar. 

Certamente isso vai acontecer em Seropédica, pois:
- não tem moradores qualificados e em quantidade para concorrer a quadros mais técnicos e melhor remunerados na produção de automóveis;
 - A cidade apresenta um dos piores leques de opção de serviços de educação, saúde, gastronomia, lazer, cultura e compras apesar de ter a UFRRJ e a Flona Mario Xavier;
 - a proximidade com Porto Real, onde já tem montadora de automóvel, facilita a atração de mão-de-obra;
- não temos instaladas aqui ou próximas daqui as entidades que provêem qualificação de pessoas no fabrico de automóveis.

É um sonho importante, sem dúvida alguma. Mas pode ser feito com um pouco de sensatez e responsabilidade, para que toda potencialidade positiva possa ser explorada, transformando de vez essa paisagem desoladora de Seropédica. Do contrário, a mão-de-obra virá de Porto Real, Resende, Barra Mansa, Volta Redonda, São Paulo ou Paraná. E não há porque morar em Seropédica sendo esta uma cidade sem muito a oferecer para se ter qualidade de vida.

Se cuidados não forem tomados, os Seropedicenses não vão desfrutar do que é bom e ficarão com o que há de ruim, que irá somar-se a tudo de ruim que temos por ser uma cidade dormitório, sem planejamento urbano e que cresce a beira da estrada. Por exemplo, voltemos ao trânsito na cidade, uma das coisas mais angustiantes para os que moram: como ficaria o trânsito se houvesse o incremento diário de, digamos, mais um milhar de carros, motos, caminhões e ônibus de empresas transportando trabalhadores? Um milhar é o potencial objetivo, ainda que não medido, se houver um empreendimento desses sendo instalado. E estamos falando do trânsito local, isto é, das vias que não a Rodovia, esta que aqui opera como se fosse uma simples via para realizar qualquer tipo de deslocamento.

Se visualizarmos como a Rodovia Rio - São Paulo ficaria, o problema toma proporções maiores. O trânsito há de aumentar significativamente, piorando os congestionamentos observados nos horários de pico e o teatro de horrores que temos a qualquer hora do dia nas travessias que são feitas de um lado para o outro do km 54 ao 39. Acidentes aumentariam, bem como o stress por estar exposto a situações de extremo risco. Outro impacto importante: boa parte da população da cidade depende dos ônibus para ir ao Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, Paracambi, Piraí e Itaguaí, e ela veria aumentar significativamente o tempo de viagem.

Deve ser somado o impasse em relação ao acesso ao Arco Rodoviário. Até o presente momento, não temos o menor sinal de que poderemos acessá-lo e que, enfim, fugiremos do pedágio da Nova Dutra ou de trafegar pelo Piranema. O Arco, e o acesso a ele, podem significar um repensar da cidade Seropédica. Se tivermos acessos qualificados, poderíamos ter o trânsito derivado da construção e funcionamento da montadora passando por fora da Rod. Rio – São Paulo. Da mesma maneira, esses acessos podem ser construídos mais para perto do Sá Freire, estimulando o crescimento urbano dessas áreas e o assentamento de novos centros econômicos que não a beira da Rod. Rio - São Paulo.

Poderíamos dizer que temos a UFRRJ para contar com apoio. Tem potencial para ajudar, mas não se planeja para tanto. Quais são os recursos-chave da UFRRJ para ensino, pesquisa e extensão na indústria automobilística? Sequer buscou um curso de Logística ou Engenharia da Produção em sua expansão recente, apesar da região tornar-se o polo industrial e logístico do Rio de Janeiro! Outro ponto: ano de eleição para reitor. Se quando não tem eleição a UFRRJ é toda voltada para a própria realidade e parece alheia ao entorno, por que ela mudaria em ano de eleição? E este ano é chave para o futuro de Seropédica se ela for escolhida para receber a montadora.

Como vemos, transporte é um tema que envolve Seropédica de maneira significativa. Ele oferece excelentes exemplos para observar a dinâmica existente no caminho entre o sonho e a agonia. A montadora produz automóvel. Nós vivemos o dia-a-dia de uma cidade marcada pelo abandono governamental local e estadual e como o fenômeno do transporte explica a condição em que vivemos.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Um olho no amanhã, outro no presente.

Demoramos a postar novos textos, pois queríamos ver a capacidade da cidade e, logicamente, dos seus principais atores de produzir novas realidades. Pagamos para ver a emergência de eventos, políticas públicas e tomadas de decisões que tivessem o potencial de mudar um pouco a paisagem que se nos apresenta em Seropédica. Paisagem esta bastante ilustrada aqui no Diário da Lixolândia.
Aquilo que lemos e entendemos como “realidade seropedicense” foi bem esmiuçada nas postagens anteriores, e os temas foram se repetindo. Para piorar, vemos uma grande dificuldade para produzir informações relevantes e confiáveis. Tudo o que chega em Seropédica vem na forma de boato. Pouca coisa aconteceu e até agora continuam os boatos. A exceção fica por conta da informação, em um jornal, sobre a vinda de uma montadora de automóvel para a cidade. Enquanto não se materializa esta possibilidade, a cidade continua carente de acontecimentos que façam-se sentido no longo prazo.
A vinda da montadora chama atenção para algo importante: o poder público municipal e estadual tem condições de planejar e receber um investimento dessa natureza? Será que o governo estadual fará o mesmo que fez com a CSA, implantando um colosso daqueles em meio a uma região cercada de favelas, sem que fossem gastos quaisquer centavos para transformar aquela paisagem urbana degradada? Do dinheiro gasto na CSA, não faria falta alguma o investimento para promover uma reurbanização naquela área mal ocupada. Nada foi feito, e o que temos hoje é uma mega siderúrgica implantada numa área urbana degradada, gerando problemas, enquanto o governo estadual faz parecer que está punindo a empresa. E se fizerem o mesmo em Seropédica, implantando aqui uma montadora, sem que essa paisagem de bairros jogados a beira de uma rodovia seja transformada? Corremos esse risco.
Tudo o que o Diário da Lixolândia queria era ver acontecer mudanças que fizessem deixar no passado o mote “Seropédica – lugar de lixo feliz”. Entretanto, passados exatos 6 meses (a última postagem foi em 29/6/11), a lógica desse mote mantém-se:  Seropédica virou a lixolândia, lugar onde o lixo dos outros recebe mais atenção que a própria população da cidade. Esta, como vemos diariamente, continua agonizando na péssima estrutura de saúde, na beira da rodovia – exposta diariamente a riscos de acidentes –, nas ruas da cidade – onde quem manda são os carros, caminhões e motos –, nos ônibus da Real Rio e da Ponte Coberta, viajando horas para ter acesso a trabalho e serviços essenciais à sobrevivência.
Vamos a alguns tópicos gerais:
  • Trânsito - Infelizmente nada foi feito de relevante em 2011. Este continua caótico, seja pelo volume, seja pela falta de controle do poder público. A prefeitura colocou faixas e moderadores de tráfego em algumas ruas, mas não põe fiscalização, nem promove a educação da população. O resultado é que aquilo ou nada é a mesma coisa. Eles só servem para sinalizar o local exato onde seremos atropelados! Foi colocado asfalto, mas não cuidaram das calçadas (os passeios), fazendo com que as pessoas fiquem perambulando pelas ruas, correndo o risco de se ferir. Já está na hora de transformar algumas vias em mão única, gerenciando melhor os fluxos. A carga e descarga do comércio continua uma bagunça.
  • Ruas - ainda estamos numa época onde se acredita que colocar asfalto em rua é sinal de modernização. O asfalto posto em Seropédica já começa, em algumas ruas, a dar problemas. Principalmente porque não consideraram o peso dos veículos que trafegam, o que solicitava que fosse feita obra de verdade. Infelizmente, colocar asfalto sobre paralelepípedo não é obra de verdade.   
  • Barulho – Seropédica continua uma cidade perigosamente barulhenta. O número de carros de som anunciando festas, informação do comércio e anúncios de políticos só faz aumentar, sem que haja qualquer regulação. Resultado: eles sonorizam onde querem e a hora que bem entender. Com isso, sofrem os colégios, hospitais e os moradores, logicamente. Ainda tem os carros de gás, as motos com escapamento modificado e as pessoas que insistem em usar o som dos veículos em altos volumes. Tudo sem que haja qualquer controle da prefeitura.
  •  A festa do poder público – simplesmente não dá para esquecer o dinheiro público que a prefeitura investiu na propriedade privada onde fica a Secretaria de Educação. É um absurdo, uma falta de respeito que a Câmara de Vereadores abençoou, porque não fez nada para contestar. E o que é mais interessante: a única secretaria que tem investimento para melhorar as condições de trabalho é justamente a ocupada pela esposa do prefeito.
  •  Aterro Sanitário – Seropédica virou a lixeira do Rio de Janeiro e, o que já era esperado, emerge: quem ganhou foi a cidade do Rio de Janeiro e a empresa privada que cuida do lixo de lá. Quem perdeu fomos nós, pois tivemos uma grande porção de terra destinada a uma atividade econômica que não gera benefício qualquer, e que só gera problemas. Onde estão os benefícios?

São muitos os problemas, relatamos apenas alguns. Tem ainda o poder da Nova Dutra; o Arco Rodoviário; o conjunto habitacional no Km 53, à beira da estrada; a Maternidade à beira da estrada; etc. Problemas não faltam em Seropédica. Estamos aqui para ajudar a encontrar soluções.
Apesar de tudo, sempre fica uma esperança no amanhã. Depositar no futuro muitas expectativas é uma tradição antiga, e esta ganha mais notoriedade na mudança de ano.
O Diário da Lixolândia deseja a todos um futuro melhor, sempre. 
Obrigado pelo apoio!


(Infelizmente, ontem, dia 29/12/11, no momento em que este texto era gestado, houve um acidente de trânsito na rua 7, entre uma moto e um carro. O espetáculo revela bem o que sempre falamos aqui: o atendimento médico demorou; as pessoas mexiam nas vítimas, tentavam mudá-las de lugar; os motoqueiros acham-se donos das ruas; colegas dos rapazes da moto pegaram a moto acidentada e a tiraram da cena do crime, e por aí vai. Cenas da crônica de Seropédica. Saúde para os rapazes!)