domingo, 24 de outubro de 2010

A Lixolândia vai repetir o Km 32

Não só dos problemas de ser a Lixolândia viverão os moradores de Seropédica. Crescer a beira da rodovia Rio-São Paulo, outro grande transtorno para os moradores, diariamente expostos aos riscos de transitar a beira da rodovia, vai piorar.

Trata-se de outro presente de grego que o ex-prefeito e a câmara de vereadores dão para Seropédica: será assentado na altura do km 53, a beira da rodovia, um conjunto de casas populares. Não pelas casas ou pelas pessoas que viverão lá, mas pelo local onde elas ficarão. Conhecendo bem a competência da prefeitura, pode-se prever o que vai acontecer ali em pouco tempo: moradores precisarão pegar ônibus na beira da estrada e quem tem carro precisará entrar e sair: terão que enfrentar os riscos de cruzar a rodovia; logo aparecerão lojas e outros negócios a beira da rodovia, fazendo com que moradores tenham que cruzar a estrada; as construções não seguirão qualquer padrão funcional ou estético; caminhões e carros vão parar em qualquer lugar; os moradores vão aumentar suas casas sem qualquer planejamento etc.

O resultado disso tudo é vivido todos os dias por quem passa pelo Km 32: transtorno; desordem; poluição ambiental, visual e sonora; incidentes, acidentes e aumento da percepção de insegurança, viagem mais demorada. Todos eles marcadores expressivos de baixa qualidade de vida. Quem passa pelo Km 32, além de apreensão, carrega uma velada sensação de que o que é ruim pode piorar, pois ano após ano a situação se agrava. A tendencia é que o km 53 repita o km 32. Para onde irá o esgoto daquele novo bairro? (Alias, para onde vai o esgoto da Lixolândia?). Onde ficam o colégio e o posto de saúde que atenderão os novos moradores? Onde está o planejamento? Seropédica não merecia mais esse presente de grego nem os moradores que lá irão habitar. Mas o que é ruim pode piorar.

Os moradores de Seropédica já conhecem bem tais problemas. São dependentes dos serviços e atrações de Nova Iguaçú, Paracambi, Campo Grande, Itaguaí, Barra da Tijuca e centro do Rio de Janeiro, e o tempo de viagem até esses lugares é cada vez maior.  Quem vai de carro sofre menos do que aqueles que pegam o ônibus. A viagem para Campo Grande, insegura e desconfortável, deixa o morador de Seropédica exausto antes de chegar ao trabalho, lazer, escola ou médico. É um massacre. Quem vai para Paracambi já sofre com o pedágio, agora vai sofrer com os mesmos problemas de quem vai para Campo Grande.

Está na hora de aprender: Seropédica tem que parar de crescer a beira da rodovia. Esta tem que servir para alçarmos outras cidades, não como via de ligação entre bairros. Não tem que ter bancos, fórum, hospital e comércio a beira da rodovia. Os km 54 e 49 já deviam estar ligados por uma via planejada, ampla e segura, perto da qual poderia ter sido colocado esse novo conjunto habitacional. Essa via, bem menos movimentada, ofereceria mais segurança para moradores e transeuntes. Os demais moradores desses bairros certamente estariam mais orgulhosos da sua cidade e experimentando uma real sensação de viver numa cidade de verdade.

Se nada for feito, só o lixo da cidade do Rio de Janeiro terá motivos para sorrir e se orgulhar de viver na Lixolândia. Importante: para o lixo, tem planejamento. E para nós? 


3 comentários:

  1. Marco, sem dúvida o planejamento não faz parte do cotidiano de nossos governantes. Seropédica deveria crescer, como você disse, em regiões afastadas da BR 465. Espaço há, falta é vontade política ou falta de visibilidade mesmo, pois o crescimento fora dos olhos da Rodovia (onde o número de transeuntes é considerável) não daria o mesmo status de quem vê e admira esse "crescimento". Por que não existem parcerias dos municípios vizinhos com a Rural com o intuito de utilizar a capacidade pensante dessa instituição??????

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  2. Silvestre, a nossa UFRuralRJ faz cem anos, mas também pode ser lembrada por sempre chegar atrasada as discussões relativas a planejamento e desenvolvimento urbano. Ela vive orientada para seus próprio umbigo,isto é, para as disputas políticas historicamente observadas nela. Sempre digo que a Rural é a Ilha da Fantasia. Quem vive lá encontra um local agradabilíssimo; é um lugar que gera um tempo diferenciado para as pessoas, um tempo livre das maiores discussões que caracterizam nossos tempos. Sempre digo: quer fugir do mundo, do enfrentamento da sua complexidade, vem para a Rural! Por exemplo: tem coleta seletiva de lixo na Rural? Tem projeto de biogas na Rural? Agora, pergunta-se: tem um calendário recheado e, atualmente profissionalizado, de festas na Rural? Tem,isso tem.

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  3. Ah! Silvestre, a Rural enviou uma "moção" repudiando a instalação do aterro...amigo, muito pouco, muito pouco. Muito tarde, muito tarde.

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